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O que aprendi com a fórmula infantil

Por Camila Teles,mãe da Beatriz, nutricionista.

"Beatriz está com 2 meses, a cerca de uma semana estava irritadiça e chorona a tardezinha, nada a satisfazia, e queria mamar de meia em meia hora. Também não estava dormindo bem a noite, ficava muito agitada e "resmungando" durante o sono.

Então, na consulta de rotina com a pediatra relatei esse ocorrido.

Eu já sentia e sabia o que estava por vir, talvez por ser nutricionista, talvez por um instinto maternal, mas antes de tomar a decisão final quis ouvir a opinião da pediatra.

E aí ela me pergunta: você sente suas mamas ficarem cheias?

Eu respondi: não sinto mais

Pronto, ali tive a confirmação de que era realidade aquilo que eu tinha certeza por ser nutricionista, mas não queria acreditar por ser mãe.

Em seguida a pediatra disse que iria avaliar a Bia pra ver o que faríamos e pra minha infelicidade ela havia perdido peso de duas semanas pra cá (não quis a pesar em casa nessa semana pois já imaginava isso).

Enfim a pediatra disse: bom mãe, na minha opinião acho que seria necessário complementar seu leite com fórmula 2x ao dia, sendo a tarde a noite.

Na hora eu concordei tranquilamente com aquilo, mas ao sair dali me peguei pensando: o que eu fiz de errado? Poxa vida, onde errei?!? Como isso pode acontecer logo comigo que prezo tanto pelo aleitamento materno exclusivo!

Nos momentos seguintes eu me martirizei, pois queria achar o meu erro. Sera que era devido ao meu estresse? Ou então a alimentação que na última semana acabou se conturbando devido a correria do dia a dia? Será que simplesmente não era capaz?

Pois bem, a noite chegou e Bia chorava ao mamar, "brigava com o seio", a luta havia começado.

Então fui preparar a fórmula, pedi ao meu marido que oferecesse a ela, pois eu não conseguiria. Com lágrimas nos olhos vi ele dando a ela a mamadeira. E pra minha surpresa ela aceitou super bem, bebeu apenas 30ml da fórmula e dormiu como um anjo. Chorei sim, mas percebi que aquilo não era o fim do mundo. O fato de não poder oferecer a Beatriz o aleitamento materno exclusivo não me tornava menos mãe, muito pelo contrário, eu seria menos mãe se não admitisse que aquilo estava acontecendo e não oferecesse a ela a fórmula como alternativa. E eu aprendi muito com a fórmula, não no sentido técnico como havia aprendido na faculdade de nutrição, mas num sentido psicológico, emocional.

A fórmula me ajudou a perceber que preciso primeiramente cuidar de mim para poder cuidar da Beatriz.

A fórmula me ajudou a ter mais tempo pra mim e assim minhas mamas "encheriam" novamente.

A fórmula me ajudou a ver como foi importante para meu marido poder "amamentar" nossa filha também.

A fórmula me ajudou a crescer profissionalmente, pois senti de perto o que sente aquela mãezinha que chega em meu consultório triste por não poder oferecer ao seu bebê o aleitamento materno exclusivo, e perceber como essa mãe é guerreia, é forte!

A fórmula me ajudou a perceber que posso não ser a melhor mãe do mundo, mas posso ser a melhor mãe que a Beatriz poderia ter!

E sabe aquele olhar que recebemos dos nossos tesouros quando amamentamos? É o mesmo olhar que recebo quando ofereço a mamadeira! É o olhar mais lindo e verdadeiro do mundo!

Mães de mamadeira, Mães de fórmula, Mães guerreiras, Super mães! Sintam-se abraçadas!"






Camila Teles

Mãe da Beatriz e Nutricionista

Site: Dra. Camila Teles

Página: Dra. Camila Teles - Nutricionista Clínica

Instagran: @nutricionistacamilateles


Leia também: E se eu não amamentar?

Comentários

  1. Não amamentar diretamente o neném não faz nenhum mulher menos mãe! E eu vi isso tão de pertinho, na segunda gravidez minha irmã sentia muita dor ao amamentar, mas por ser o segundo filho, ela imaginou que isso só iria ocorrer no início, mas persistiu e um dia encontramos ela desmaiada no banheiro. Ela foi ao médico e ele disse que ela não poderia mais amamentar e ela se sentiu péssima. Mas não era culpa dela e também não é sua culpa! <3

    Beijão, mariasabetudo

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    Respostas
    1. Obrigada pelo apoio!
      Beijos
      Camila

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    2. Quanto mais criamos expectativas, piores são as frustrações.
      Mas é importante sabermos e aceitarmos que nem sempre conseguiremos ser como "tem que ser", as vezes apenas seremos mães.

      Obrigada pela visita.

      Obrigada pelo apoio à Camila e as demais mães que passam por isso.

      Beijos.

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  2. Super me identifiquei! Como profissional incentivando todas as mães no meu momento não consegui amamentar....e foi ai que eu tive a certeza do quanto é injusto afirmar que o aleitamento materno aproxima mãe e filho...o que aproxima é o amor e cuidado. Toda mãe busca o melhor para o seu filho...e se aleitamento materno não é possível ou suficiente...sem duvidas o melhor é oferecer a formula. Adorei seu post.

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    1. Exatamente! O que aproxima mãe e filho é o amor e o cuidado ctz! Obrigada pelas palavras!
      Beijos
      Camila

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    2. Ser profissional, saber os benefícios, incentivar outras mães e lutar tanto pela amamentação exclusiva, gera uma frustração ainda maior quando não conseguimos. Mas talvez seja para vermos que nem sempre o ideal é real.

      Obrigada pela visita e pelo apoio à Camila.

      Beijos.

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    3. Exatamente! Em um primeiro momento a sensação é de frustração total; mas com o passar dos dias e sob o olhar de nossos filhos identificamos coisas do outro lado e sob um novo olhar, o lado e olhar de mãe.

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  3. Muito importante seu relato..consegui amamentar exclusivo meus dois filhos, mas vi amigas que também não puderam e tiveram que complementar. Acho que por todas alterações na nossa alimentação pela industria, talvez nosso corpo esteja sofrendo as consequências e muitas vezes não funciona como deveria. Não é nossa culpa. O importante é cuidar para nossos bebês estarem satisfeitos e cercados de amor!
    www.quemaesoueublog.com.br

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    1. Como você mencionou, o importante é o cuidado e amor para com nossos filhos. Obrigada pelo apoio!
      Beijos
      Camila

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