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Quando foi que viramos máquinas de produzir filhos?

Parece chocante um título como esse, mas ele veio de uma reflexão pós entrevista realizada pela rádio Nova Porto a um dos obstetras mais respeitados aqui da minha região.

Esse contexto me impactou, vindo de um médico que traz à vida muitas crianças há quase 20 anos de profissão. Segundo ele, os nascimentos mudaram significativamente nesses anos, antigamente ele acompanhava famílias super ansiosas e próximas para a chegada do bebê, que cuidavam da mulher grávida como uma joia rara, e ela mesma assim se via.

Conforme ele foi descrevendo as mudanças que foram acontecendo, comecei a pensar no espiritual da coisa, aquela profundidade do que ele estava falando. É mais do que planejar o parto, muito mais do que arrumar o quartinho, fazer enxoval. Veja bem, nós fazemos tudo isso hoje em dia, então podemos dizer que não somos máquinas né?! Nós temos sentimentos...

Sim, nós temos. É inegável o amor que provém de uma mulher que se vê a espera de um filho.

Porém a questão da espera de um bebê como algo mais humano mesmo, é real no que ele diz. A começar que muitas famílias marcam dia e hora pra um parto acontecer, está lá o pai, a mãe, que veem o bebê e logo vão embora. A questão não é o tipo de parto, nem se quer o parto em si, Mas como as pessoas reagem a essa espera... quantos vão lá a espera do trabalho de parto da mulher, avisam os vizinhos, arrumam a casa pra quando ela chegar, dão apoio aos filhos mais velhos, levam dormir na sua casa... essas coisas simples...?

E o pós parto? Quantos ajudam a mãe em puerpério?

Antes ela era considerada diva, rainha, cuidado com isso, cuidado com aquilo, e assim iam cuidando com amor e carinho, sem nem precisar ser da família...

Mas aí as coisas vão mudando, a gente vai pra cidade grande, nos ensinam sobre "privacidade", que o momento é todo nosso e etc... é pode até ser...

Mas sinceramente?

Prefiro a casa cheia, hospital cheio, tendo que ter revezamento pra ver o bebê, de pessoas trazendo iogurte e flores pra mãe. Mulheres perguntando sobre as dores, dando dicas... não, não é invasão de privacidade, é amor fraternal, é carinho, é isso que eu quero. É disso que eu gosto.

Que não se perca nunca. Que as mães saibam que podem ter com quem contar, que se um falhar terá outro, e outro se aquele falhar também.

Quero que me tragam bolo de fubá, deem palpites, Mas que não esqueçam que nasceu uma nova vida, que agora sou mãe, que sou mãe de novo, que precisamos de cuidado. Que a quarentena volte a ser vivida em família, em amigos, porque a coisa mais difícil é ver que depois de 15 dias já esqueceram de todo alvoroço do nascimento.

Que o carinho comece na gestação, no pré, durante e pós parto.

Que crianças seja bem recebidas. Que venham pessoas trazer boas energias de todo canto.

Nos acostumamos tanto a evitar as pessoas, evitar doenças, evitar isso,  evitar aquilo, que evitamos amor, evitamos carinho, evitamos fraternidade.

Meus filhos não são máquinas, eu não sou, não quero que meus familiares sejam.

Que venham ao mundo com uma grande festa e alegria! Sejam bem vindos novos seres. Esse mundão é louco, Parece que só tem tristeza, mas garantimos que também tem muito amor. ❤









Comentários

  1. Que lindo Bru, realmente como vemos a gravidez mudou muito e estamos voltando ás origens novamente.
    Puerpério é solitário. Mas há anos atrás não era, eramos rodeadas de pessoas. Minha avó conta, e ela amava aquele cuidado. Não pode lavar o cabelo! hahaha
    Não gosto dos palpites mas é pior ficar sosinha.

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