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Nascimento do Cadu

Relato de Parto Humanizado pelo SUS


O lindo relato de hoje é da mamãe Fernanda, uma história de superação e amor, uma demonstração de como o apoio e amizade são essenciais. Ter pessoas que nos apoiem do início ao fim faz toda a diferença para, não só um desfecho, mas todo um decorrer maravilhoso. E que a dor nos mostra muito mais que força: nos mostra a mulher de verdade que somos.

Segue o relato na íntegra

"O relato do meu parto começa na quinta-feira 07/06/2018, um dia que acordei muito emotiva, a  famosa manteiga derretida rsrs no fundo, sentia que ele estava cada vez mais próximo de chegar até mim. Entre 22:30 e 23:30 da noite ( hoje não me recordo ao certo ) começo a sentir contrações, a ficha demora um pouco pra cair rsr comecei a cronometrar e estava a cada 8 minutos, com duração de 40s a 1:30 m. Só fui entender as 02:00h da manhã. Acordei meu marido, disse q achava que estava na hora mas para ele dormir mais um pouco pois iria para o chuveiro. No chuveiro a coisa pegou, contrações a cada 2-3 minutos. Acho que era a hora, no primeiro momento me veio euforia. Acordamos, liguei para minha amiga marcela, que eu sabia que iria me amparar mesmo as 4h da manhã rsr conversamos e logo depois que desliguei o telefone meu tampão começou a sair. Terminei de arrumar minha mala e a dele e decidimos aguardar um tempo na casa da tia de meu marido em Cabreúva, pois há alguns meses antes já havíamos decidido que iríamos para o hospital de lá por conta de todo histórico ótimo que ouvimos. No caminho pegamos a Marcela que se ofereceu para ficar comigo ( que se não fosse por ela MTA coisa poderia ter sido diferente). Mas como eu já imaginava que colocar a família nesse assunto causaria estresse, eu não estava errada. Nosso plano era só ir ao hospital e as contratações realmente estabilizassem, mas família se preocupa demais, e às vezes falta informação de menos, resolvemos ir ao hospital ao 12:00 da sexta. Chego la, apenas 2 cm de dilatação. Faço o cardiotoco e a enfermeira mandou voltar depois de 2h para realizar novamente o exame. Às 16:30 retornamos ao hospital, 3cm de dilatação, cardiotoco 2x e por consenso nosso e da enfermeira decidimos voltar pra casa, pois no momento não havia evolução do meu quadro e nem sabiamos como seriam as próximas horas, e devido a todo estresse que passamos neste dia só queríamos nossa casa. No caminho de volta choro, choro mto, pois estava cansada, decepcionada, com muita dor e sem saber até quando ficaríamos neste estado. Chegamos em casa, lá vai eu pro chuveiro de novo, as contratações continuam a todo momento, mas nada muda. Decidi tentar dormir,  entre uma contração e outra. Às 23:30, deitada em minha cama, minha bolsa estoura. Pra mim, fez um barulhao! Sentia a água descer, parecia que estava afundando no Titanic de tanta água!! Rsrs pronto, a partir desse momento a Fernanda que havia se preparado por 38 semanas, de repente, sumiu. Acordei meu marido, fui pro chuveiro e chorei muito! Feito criança! De desespero e medo, tudo o que eu não senti durante a gravidez. Não conseguia me controlar, sai do chuveiro chorando, abracei meu marido. Ele tentou me acalmar, mas nem eu mesma me controlava. Ali nasceu um homem forte que eu não imaginava que tava ali o tempo o todo. Meu marido, que sofre de ansiedade, me acalmava. Voltamos para Cabreúva, no caminho minha dor só aumentava, e meu desespero tbm. Chegamos tão rápido no hospital! Rsr a mesma enfermeira que me mandou pra casa me recebeu, nem havia fechado minha ficha pois sabia que voltaria. Entro na sala para fazer o exame de toque e o desespero volta. Choro feito criança novamente, peço desculpas pois não conseguia me controlar, e a enfermeira, com todo amor do mundo, me abraçou, me acalmou, me disse que tudo aquilo era normal, minha vida iria mudar, tudo ia dar certo. Fico mais calma, mas ainda choro. Exame de toque: 5cm de dilatação. Ela me leva ao quarto semente ( quarto abençoado por Deus) e a partir daí eu perco noção total de tempo, espaço e pessoas, como dizem, entrei na partolandia. Fui para o chuveiro, sentei na bola de Pilates. Dor, sono, cansaço. Não tenho noção de quantas horas fiquei lá. Decidi sair. Andava no quarto de um lado para outro, tentei deitar na cama para descansar, mas só tentei mesmo rsrs a dor não deixava. Bola de Pilates, massagem, dor, abraçava meu marido, ficava preocupada com ele, como ele estava? Como estava lidando com tudo aquilo? Dor, muita dor. Choro, desespero. Quando as dores começaram a ficar mais fortes decidi ir para a banheira, e descobri que ela era mágica rs conseguia até cochilar sentada entre uma contração e outra, mas já não sabia mais o ritmo, não estava nem me controlando quem dirá o tempo! Meu marido falava com meu filho, a contratação vinha forte. Pedia por favor para ele parar rsrs começou a vir a vontade do coco, começo a fazer força, mas nada ainda que fosse surreal. Não sei quanto tempo fiquei lá, mas teve troca de plantão, eu estava exausta! Sem dormir desde quarta-feira, com dores, tive que sair da banheira para a enfermeira que entrou realizar o exame de toque. Lá vem o choro e desespero. Apesar das músicas lindas que elas colocaram para tocar na sala, aquilo não me acalmava, era algo distante. Exame de toque nem me lembro quanto era, só queria que aquilo acabasse. Sair da banheira foi cruel pra mim, parece que todo trabalho que tive regrediu. Às contratações vinham e eu já não fazia mais força, algo em mim reprimia. Choro, pedia pelo amor de Deus para fazer parar, não aguentaria. Meu marido o tempo todo me incentivava, me dava forças, em nenhum minuto me deixou cair no desespero que me corroía. Em momento meu quadro não evoluía, e eu não sabia há quanto tempo estava naquilo. A médica me receitou ocitocina e chuveiro, chorei pois não queria nenhum dos dois, só queria que aquilo acabasse. Meu marido conversou comigo, disse q iria ajudar a ser mais rápido, nosso filho estava vindo, eu precisava ser mais forte um pouco mais por eles. Às dores vinham me arrebentando, fazia a força agachada no chuveiro, começo a sentir a cabeca dele entrando no canal. Força. Contração, dor e nada. Fiquei nisso por muito tempo, depois descobri que foram mais de 2hr. A médica me manda para a cama, pois já estava em uma situação que novamente não progredia.ai vem o desespero novamente. Deito na cama e as contratações começam, enfermeira me ajudando de um lado e meu marido do outro. Que homem! Neste momento já não abria mais os olhos, apenas fazia forças e ouvia ao meu redor. Força, força. Não sei quantas contrações foram, de repente ele sai de mim e vem para o meu colo. Meus olhos não acreditam no que viam, como ele era grande! Meu Deus, meu filho? Entrei em um topor, tinha conseguido mesmo? Não morri? Olho para os lados meu marido em êxtase! Aí veio meu choro, mas agora era diferente, alívio, felicidade, amor, uma mistura de sentimentos que jamais vou conseguir explicar em palavras. Meu filho! Meu marido cortou o cordão umbilical. Precisei levar uns pontos, minha placenta sai, ela era linda! Consegui ver mas não tive coragem de tocar rs pediatra chega e avalia meu neném, nota 10. E meu coração virou do avesso, transbordava.
No sábado 09/06/2018 as 10:40 da manhã nasceu meu filho, nasceu uma mãe e nasceu um pai que ninguém acreditava que poderia existir.
Se eu cheguei até o fim, mesmo desistindo, superei minhas dires, medos e desespero foi pela força do meu companheiro, que apesar do turbilhão que de coisas que passava em sua mente, foi meu porto, minha âncora.
Hoje, quase uma semana depois, relembro essas 36h de dor como meu pequeno no peito e o homem da minha vida deitado au meu lado. Tenho certeza que tudo que senti naquelas horas, me moldaram para ser a pessoa que receberia a maior presente da vida nos braços, meu filho. Obrigada Marcela por todo apoio, força e amizade, vc foi essencial para que tudo fosse perfeito. Obrigada Deus pelo dom da vida, e pelo maior presente que Tu me destes, minha família! E sem palavras para a equipe do hospital de Cabreúva. Com certeza fui muito abençoada!





Conheci a Fernanda através do Grupo GAIA - Maternidade Saudável - Grupo voluntário formado por profissionais e mães, com o objetivo de acolher, informar e apoiar as mulheres e seus familiares durante a gestação, o parto, pós-parto até a criação dos filhos. 

Comentários

  1. Muito legal esse relato!! Que o Cadu tenha muita saúde <3 http://universodecifrado.blogspot.com

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